Ao preencher os espaços vagos no álbum Nosso Bebê, comprado havia meses na Livraria A Predilecta em Bagé, Dona Maria Fátima D"Ávila Paixão caprichou na caligrafia. Na página da dedicatória, chamou o marido, que assinou Julio Paixão Côrtes no lugar destinado ao papae. Com carinho e cuidado, a mãe registrou os dados na página sobre o nascimento: às três da madrugada do dia 12 de julho de 1927, na casa número 101 da Rua Rivadávia Corrêa, nasceu em Santana do Livramento uma criança do sexo masculino, pesando quatro quilos e medindo 59 centímetros. tia página sobre as roupinhas, com muitas linhas para o rol, Dona Fátima declarou com econômico orgulho: o bebê, ao nascer, já possuía o enxoval completo.
Entre os casacos, mantilhas e sapatinhos tricotados, estavam também a certeza de uma infância feliz e a paixão que começou desde guri. Na esquina da Rivadávia com a Rua Uruguai, entre a casa dos pais e a dos avós maternos, o menino João Carlos ouvia todos afirmarem: foi bem aqui que o argentino José Hernández, depois dos entreveros da Guerra do Paraguai, começou a declamar os primeiros versos do célebre Martim Fierro. Nada melhor para um moleque curioso, que um dia entregaria a vida à pesquisa da cultura popular.
Comentarios...
eu achei muito legal a história dele fala de uma coisa muito interessante.